CLARISSA
Lilypie Baby Ticker

segunda-feira, julho 18, 2005

Enfim...





A todos os que me visitavam, meu muito obrigado. Espero que continuem gostando, lá nova casinha. Beijos

Afonso

domingo, julho 17, 2005

Porto Alegre e a nova casinha

Pois é,

1

www.verbeat.org/blogs/ ...


Eu sei que é chato voltar ao mesmo assunto mas, PQP, esta cidade já está enchendo o saco. Alguém pode imaginar o que é viver assim:

sexta = 28 graus
sábado = 20 graus (e choveu o dia todo)
domingo (agora, às 06:00h) = 10 graus e não para de chover
segunda = 6 graus
terça = 2 graus

Dois graus na terça-feira. Eu não devia ter aceitado o convite para ir pra Verbeat. O Gejfin e o Tiagón adoram frio. São capazes de ligar o ar condicionado do condomínio, no frio, em pleno inverno. Vou congelar meus neurônios por lá.

Não consigo entender a natureza ter sido feita assim. Podia ser diferente. Quando falo isso as pessoas sempre usam o argumento, no mínimo pequeno, de que as plantas precisam de água, que as uvas precisam de frio, que as estações do ano ... etc. Tá, e daí? Quem fez isso poderia ter inventado uva que não precisasse de frio, plantas que não precisassem de água, etc. Só calor. Por que fizeram a terra inclinada?

Esses e outros temas estarão numa das salas que criei para a nova casinha: "Quebrando tabus, paradigmas e outras frescuras". A idéia é aprofundar o sentido de uma frase atribuída a Mark Twain (se me lembro bem, é isso):

Algumas pessoas perguntam: por quê? Eu pergunto: e por que não?

Analisar e discutir certas inevitabilidades das pessoas. Coisas do tipo: é assim porque é assim, ou não provei, mas não gosto. Analisar a recusa das pessoas em ver a vida e o mundo de uma forma diferente; a recusa em dar-se, ao menos, a possibilidade de pensar de outra maneira. O medo da mudança, de afastar-se da zona de conforto, etc.

Uma outra sala foi sugerida pelo Diego (Figuras de Linguagem): "Eu posso ser chato mas...". Gostei da idéia, tem a ver com o slogan do blog: "Alguns negam, outros não sabem. Alguns mais, outros menos. Todos somos chatos!" Tem muito chato por aí... não estou sozinho...

"O que eu penso sobre". Essa já usei. Dane-se o mundo: é o que eu penso, e daí? hehehe

"Seria triste não fosse hilário", para comentar as mazelas desse país, não apenas as políticas, mas tudo aquilo que, não fosse ficarmos rindo, estaríamos chorando até agora.

"Sobre a estupidez humana", para aproveitar o pensamento do Einstein. Concordo plenamente com ele de que a estupidez humana é infinita. Salinha para guardar os relatos e análises dessa estupidez.

A mais difícil das salas (algo tipo a sala dos espelhos): "Será que eu consigo escrever?" Se contei direito, escrevi até agora 223 posts. Como vou começar do zero lá na nova casinha (sim, não copiei os posts daqui), resolvi fazer uma seleção de posts para republicar, de quando em vez. Autocrítica é bom e a tenho: consegui separar exatos 23, isto é, 10%. Só 10% do que escrevi eu mesmo acho que presta. O resto ou são abobrinhas ou é bobagem mesmo! E aí vem a questão: afinal, eu seria capaz de escrever algo que preste? Uma crônica? uma poesia? Um conto? Posso não saber, mas "não tá morto quem peleia". Um dos meus pensamentos favoritos é: quem faz, ao menos tem 50% de chance de acertar; quem não faz, tem 100% de certeza de não acertar. Esta é a sala das esperiências.

Pretendo manter a sala "Curta curtas no sábado". Sábado tem sido um dia para ficar em casa sem fazer nada. Dia de descansar das duas especializações e do trabalho, que já estão me enchendo o saco. Venho pensando seriamente que está na hora de parar: parar de estudar e parar de me dedicar de corpo e alma ao trabalho. Estudo para ser melhor profissional e se sou um bom profissioal tenho que me manter atualizado estudando. É um círculo vicioso. CHEGA!!! Não agüento mais. Daí ter tempo para ficar chateando "de hora em hora".

Vou começar a contar tempo para a aposentadoria. Ficar em casa curtindo a filhota, dar mais atenção para a Fernanda (venho pecando nisso), comer um pouco mais a Kaya enquanto posso, pois dizem que o Viagra dá dor de cabeça, e também não agüento mais dor de cabeça (desde pequeno sofro de enxaqueca). É, já que estou na metade final, estou construindo um novo ciclo na vida. Coisas mínimas, apenas o necessário para viver bem e com dignidade. Chega de ego, de ter, de poder, de stress, de me incomodar com o mundo (ele é assim mesmo e não vai mudar enquanto eu estiver por aqui). Enfim, se pudesse estaria em alguma praia do Ceará, só aproveitando. Eu chego lá, me aguardem!

Com o tempo eu faço um puxadinho e vou colocando novas salas. Espero que gostem.

sábado, julho 16, 2005

Essa bosta do haloscan

Pois é,

Essa bosta do haloscan não gravou um monte de comentários. Mais, havia gravado - tanto que eu os li - e depois simplesmente os detonou. Não querendo cuspir no prato, mas ainda bem que estou indo embora.

Penúltimo post: a revelação!

Pois é,

2

www.verbeat.org/ ...



Último post nessa casa. Hora de revelar um segredo matido a sete chaves: o que é, afinal, VERBEAT? Qual a sua origem? O que escondem, por trás das aparências líquidas e não lineares? O Chato, genealogista amador que adora história, tem dedicado seus últimos anos a esta pesquisa.

A verdade, meus caros, é que Verbeat é uma seita com origens na França Medieval. Verbeat é a contração de duas palavras da língua francesa:

ver = verme
béat = beato

Sim, os vermes beatos. Esse é o verdadeiro significado da palavra. Assim eles eram conhecidos ao tempo de Carlos Magno: os Verbéats. Com o tempo, e com o objetivo de manterem-se escondidos da perseguição levada a cabo, mais tarde, pela Santa Inquisição, tiraram o acento do "e" e passaram a usar uma pronúncia inglesa "verbit".

E por que era chamados de vermes beatos? Carlos Magno seria coroado, em 800 d.C., por Leão III, como Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Com medo de mostrar-se submisso ao papa, Carlos Magno somente muitos anos mais tarde passou a utilizar-se do título.

Leão III, por seu turno, descontente com a desfeita do pupilo, institui uma ordem secreta de cavaleiros que objetivava espionar os movimentos de Carlos Magno. Para que ninguém desconfiasse das atitudes sorrateiras do grupo, Leão III não os colocou diretamente ligados à Igreja. Deveriam ser, no entanto, tal qual beatos, muito dedicados a ela, pois isso serviria de álibi. Afinal, quem ousaria desconfiar de pessoas tão dedicadas a Deus?

Daí deriva o nome com o qual passaram a ser conhecidos, depois que Carlos Magno, em 805, os descobriu: verbéats, "vermes beatos". Vermes pela maneira como atuavam, sorrateiramente, por baixo dos panos, utilizando-se de métodos muitas vezes indignos, espiões. E beatos, por estarem sempre nas igrejas. Foram de todo infrutíferas as tentativas de Carlos Magno em acabar com a ordem.

Após a morte de Carlos Magnos, em 814, a ordem entra definitivamente para o submundo, assumindo o caráter de seita secreta que possui até os dias atuais. Há registros de que representantes verbeats tenham participado de várias cruzadas, originando-se dos roubos e atrocidades cometidas, toda sua riqueza.

Reza a lenda que Jacques Molay, o fundador da Ordem dos Cavaleiros Templários, tenha sido, originalmente, um verme beato que deserdara, por estar insatisfeito com os rumos tomados pelos chefes da ordem à época. De qualquer sorte, os verbeats resistiram, ao longo dos tempos, a todas as investidas que buscavam destruí-los. Há confiáveis informações de que eles tenham dedicado quase duzentos anos - de 1745 a 1945 - à tentativa de eliminar todos os registros de sua passagem pelo mundo.

Mas, e quais são seus atuais propósitos? Tenho provas, meus caros leitores - e se necessário as mostrarei - de que por trás do disfarce de Gejfin e Tiagón, escondem-se os atuais vermes beatos. Uma leitura atenta ao que eles inocentemente chamam de posts, mas que na realidade são epístolas aos companheiros espalhados pelo mundo, nos mostra os seus propósitos: tornar a humanidade líquida e não-linear. Destruir tudo o que de sólido a humanidade construiu. Perturbar o raciocínio lógico e encadeado das pessoas, com o bombardeio diário de idéias não-lineares.

A Kaya odeia 0800

Pois é,

Até hoje só vi duas coisas tirarem a Kaya do sério: eu, quando estou muiiiito chato (o que é raro, diga-se de passagem, hehehe), e um 0800. No caso do 0800, chega a dar pena dos atendentes. Se for mulher, então, coitada.

(aqui devo fazer um parênteses, pois tenho sido testemunha do fato: mulher atendendo mulher é a pior coisa que existe. Se eu fosse mulher, seria que nem a Kaya: botava os cachorros nas atendentes. Atendente seja lá do que for, ao vivo ou por telefone)

Pois não é que tiraram, de uma hora para outra e sem aviso prévio, o débito em conta do celular dela? Eles não têm noção do que fazem, tadinhos.

Sexta-feira, depois de uma semana de trabalho e quase dez quilos a mais para carregar, imaginem a reação de quem recebe uma conta de telefone inesperada. A fala da atendente, no diálogo que segue, pode ser deduzida em função da fala da Kaya:

Kaya, depois de muito digitar números e de muito escutar musiquinhas no telefone:

- Minha filha, eu quero saber porque tiraram o débito em conta do meu celular?
- ...
- Com a Clara!
- ...
- Querida! Eu já te disse, quero saber porque tiraram o débito em conta do meu celular. Eu tenho celular há mais de dez anos, com débito em conta, e isso nunca aconteceu.
- ...
- Pra que que fazem a gente digitar o número do telefone se depois perguntam??!!!
- ...
- Olha aqui, minha filha! Nunca tive problema de saldo na minha conta. Tá pensando o quê?
- ...
- Já fui no banco e eles disseram que a culpa é de vocês!
- ...
- Já vi que tu não sabe nada mesmo. Como é teu nome?
- ...
- Então chama o supervisor dessa porcaria!
- ...
- CHAMA O SUPERVISOR!!!

Bom, o diálogo se estendeu por mais algumas falas irreproduzíveis num blog tipo família como esse. O problema é que - tive que explicar a ela - os serviços de 0800 não foram feitos para resolver o problema das pessoas; eles foram criados exatamente para não resolvê-los, para afastar as pessoas da empresa. Eles partem do pressuposto de que, bom ou ruim o serviço, as pessoas vão precisar dele e continuar usando. Assim, sempre tentam jogar a culpa pra cima do cliente, nunca é deles. Ou é tu que não tem saldo, ou é o banco, ou é quelaquer coisa, menos eles. No fundo, estão te chamando de idiota por usar o serviço deles.

O argumento de que existe concorrência, e que podemos trocar de companhia, é palhaçada. São todas iguais, logo não existe concorrência. E a Anatel, no caso, é outra grande porcaria. Ligar para o 0800 da Anatel e nada é a mesma coisa, senão pior. Até hoje, passados mais de seis meses, continuo aguradando a resposta a uma reclamação que fiz para a ouvidoria.

Com o 0800 eles evitam ter lojas de atendimento. E por quê? Porque lojas significam pessoas ao vivo para serem atendidas. Pessoas que gritam, esperneiam, ameaçam bater e não saem dali enquanto os seus problemas não forem resolvidos. As companhias não querem isso. Já trabalhei numa, sei bem como é. Não é pra menos que coloquei, lá no Código do Chato, que se pudesse jogaria uma bomba na companhia local de telefonia. Era do governo e os espanhóis compraram. Agora parece que é dos portugueses. As moscas vão e vêm...

Raras são as empresas que levam a sério o atendimento ao cliente. Virou moda ter SAC, em função dos programas de Qualidade Total. Terceirizam o atendimento e colocam pessoas altamente incapacitadas para atender. Parecem robozinhos com um único programa que ficam repetindo, independentemente do que o cliente esteja dizendo. E, no final, ainda tem a cara de pau de dizer que "a ... agradece e tenha uma boa noite...". Ora, me poupe! Talvez não seja só a Kaya que odeie 0800...

PS. Tem um post sensacional lá na Luma. Vão lá...hehehehe.

sexta-feira, julho 15, 2005

Pois é,

3

www. ...


Que fazer! Aproxima-se a hora. E visto que tem nóis lá no Bundas de Fora do nós por nós, apareçam e leiam. Como disse a Yvonne, um post de dar água na boca...

quinta-feira, julho 14, 2005

A nova casinha

Pois é,

Poucas grandes emoções fazem a gente pensar que a vida vale a pena: a nova casinha está pronta. E devo dizer que será a casinha mais bonita da blogosfera. O combinado era que o template atual seria mantido, mas parece que o Tiagón teve alguns probleminhas com a adaptação. Assim, o Gejfin propôs fazer um novo e submetê-lo à apreciação desse chato que vos escreve (pelo que entendi, smj, foi o Gejfin quem acabou fazendo o novo template).

Ficou simplesmente sensacional. A identificação criada não poderia ser melhor. Não dei um único palpite sequer. Cem por cento aprovado do jeito que ele fez. Devo salientar a capacidade dele de perceber a essência do blog (eu mesmo não seria capaz de pensar o blog assim) e de transpô-la para um template. As cores, a disposição dos elementos gráficos e textuais, a suavidade do conjunto, enfim, uma graça, uma beleza. Não me canso de ficar olhando, babando e pensando: puxa, isso tudo é meu!

Gracias Gejfin e gracias Tiagón. O Chato é mais um entre milhares de blogueiros do mundo. Não era necessário que me convidassem. A Verbeat já é grande com os atuais moradores. Eu avisei que corriam riscos colocando meu blog lá. O que poderia pensar a nata da blogosfera? "Pô, esses caras perderam o bom senso. Imagina, colocar um chato como o Chato na Verbeat!!". Mas convidaram, numa demosntração cabal da qualidade do ser humano existente em cada um deles. Grandes emoções. Sem dúvida, é muito bom sentir-se querido.

A inauguração? Bueno, a inauguração será na segunda-feira. A que horas? Ora, isso é surpresa! Até lá devo mexer com alguns conceitos novos: a idéia de criar algumas categorias temáticas; o estilo dos posts; o conteúdo, etc. Arriscar um pouco mais. Sim, tal qual o Feng Shue, a mexida exterior tem o condão de nos fazer mexer no interior. E devo fazer isso agora, nesses dias, pois semana que vem estarei viajando novamente, correndo o risco de não conseguir postar em algum dia. O post inaugural já está pronto, e devo admitir que foi difícil decidir dentre milhares de coisas para escrever nessa situação. Ah! Devo mandar os convites com o novo endereço, é claro.

Nada disso estaria acontecendo não fosse por vocês, minha meia duzia de leitores que insistem em achar que não sou o Chato. (ou acham e não dizem...)

quarta-feira, julho 13, 2005

Verdade seja dita

Pois é,

Não podemos ser ingênuos a ponto de imaginar que o interesse público esteja acima de qualquer outro, mesmo nas instituições criadas para isso: os poderes. Vamos supor que uma determinada melhoria em algum procedimento, envolvendo os três poderes, deva ser realizada. O princípio básico que rege a atuação das pessoas, nesse caso, é a obtenção de um benefício para a sociedade, para o cidadão. Eficiência, eficácia e efetividade são palavras de ordem que deveriam ditar os rumos das negociações. Não é o que acontece, no entanto, na prática. Quando pessoas dos três poderes se reunem para estabelecer esse procedimento comum, a escala de interesses torna-se outra.

Primeiro, há que diferenciar o status das pessoas, pois que determinante dessa nova escala. Como falamos de poderes, via de regra falamos de agentes públicos que estão divididos em duas categorias: os agentes políticos e os servidores públicos. Reuniões de agentes políticos são absolutamente diferentes de reuniões de servidores, ou mesmo de reuniões mistas. A primeira vista poderia parecer que a escala de interesses fosse diferente para cada tipo de reunião, mas não é.

A escala que se estabelece é invariavelmente esta:

1. interesses pessoais
2. interesses do grupo
3. interesses da instituição
4. se sobrar tempo, interesse público.

Um exemplo prático torna isso claro:

O Poder Legislativo edita lei direcionando ao Poder Executivo a obrigação de estabelecer e tornar efetiva uma determinada política pública, por exemplo, a proteção da criança e do adolescente por meio da disponibilização de abrigos. O poder executivo estabelece a política pública: abrigagem e os meios de realizá-la. No entanto, não a executa, pois para isso precisa deterteminar recursos orçamentários (tornar efetiva a política, realizá-la).

O Poder Legislativo, por outro lado, edita lei direcionando ao Ministerio Público a obrigação de "zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;" (CF88, art. 129, II). Ciente do seu mister, o Ministério Público ingressa com Ação Civil Pública contra o Poder Executivo (uma prefeitura, p.ex.) para que torne efetiva a proteção dos direitos da criança e do adolescente e construa os abrigos necessários.

A questão, no Poder Judiciário, é tratada da seguinte forma: como a realização de políticas públicas é ato discricionário (necessidade, conveniência e oportunidade) do Poder Executivo (em função de norma editada pelo Poder Legislativo), cabe apenas a este a decisão de quando e como realizar o ato.

Pronto!!! Aí temos o cachorro correndo atrás do próprio rabo! E as crianças continuam sofrendo nas ruas, sem os abrigos.

Como acontece, na realidade, por trás desse formalismo todo? É aqui que se estabelece a hierarquia falada. O prefeito está mais interessado em realizar atos que pssam render pontos para si, pois está interessado ou em se reeleger, ou em manter-se próximo ao poder (interesse pessoal em primeiro lugar); depois, há o interesse partidário, pois este também deve manter-se no poder, o que determina quais sejam as políticas para atuação prioritária (interesse do grupo conformando os interesses e atos do prefeito).

O assunto vai para a Câmara dos Vereadores, que deve decidir a alocação dos recursos orçamentários. A roda gira no mesmo sentido: o vereador preocupa-se em "defender a base", realocando, na medida do máximo possível, os recursos de forma a atender primeiro os seus interesses em se reeleger. Por essa razão os orçamentos, no Brasil, são peças de ficção: os demais poderes (Executivo, Judiciário e Ministério Público) escondem o máximo possível as rubricas para que o Poder Legislativo não possa aproveitar-se delas em proveito próprio. Aqui temos o terceiro nível da escala de interesses: o interesse da instituição. Deve-se proteger a instituição acima dos interesses das outras instituições.

Como isso é apenas um post, dá logo para imaginar que não sobra tempo para realizar o interesse público. O poder executivo, como consegue esconder a alocação dos recursos destinados à proteção dos direitos da criança e do adolescente, acaba por fazer o que bem entende, isto é, NADA. Nada, também, é o o que o Ministério Público pode fazer, pois nada é o que o Poder Judiciário diz que ele pode fazer.

Dá para imaginar perfeitamente, porque é tão fácil a corrupção no Brasil. O sistema existente, isto é, o cachorro correndo atrás do próprio rabo, permite isso. E como, na escala de interesses, o interesse pessoal ocupa o primeiro lugar...

Agora imaginem uma reunião com representantes desses poderes todos... o que acontece? Quem já teve a oportunidade de participar sabe bem do que eu falo: acontece que as crianças e adolescentes continuam nas ruas.

terça-feira, julho 12, 2005

O mal do século XXI

Alois Alzheimer, médico que emprestou o nome à doença
Pois é,

Pouca saúde, muita saúva,
os problemas do Brasil são.

As crises políticas ou institucionais passam. Sempre existiram e sempre vão existir. É da natureza humana, tanto quanto o é o terrorismo, seja ele de grupos ou o de Estado (atualmente praticado pelos EUA e seus aliados), buscar a destruição. O que não se poderia deixar passar é o estado da sáude pública em um país como o Brasil, cuja população está envelhecendo.


"Uma, em cada 10 pessoas maiores de 80 anos será portadora da Doença de Alzheimer a cada ano que passa. A mesma probabilidade vale para 1 a cada 100 pessoas maiores de 70 e 1 a cada 1000 pessoas maiores de 60 anos. Esta é a avaliação de 1999, feita pela Federação Espanhola de Associações de Familiares de Enfermos de Alzheimer (AFAF) A Doença de Alzheimer acomete de 8 a 15% da população com mais de 65 anos (Ritchie & Kildea, 1995).

Existem atualmente em todo o mundo entre 17 e 25 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer, o que representa 70% do conjunto das doenças que afetam a população geriátrica. Assim, a Doença de Alzheimer é a terceira causa de morte nos países desenvolvidos, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e para o câncer. Os pacientes de Alzheimer já são quatro milhões, nos Estados Unidos. No Brasil, não há dados precisos, mas estima-se que a confusão mental atinge por volta de meio milhão de idosos.

Talvez a atual e grande importância da Doença de Alzheimer e outros estados demenciais se deva às estatísticas epidemiológicas que se têm sobre eles, as quais mostram uma prevalência de Demência em maiores de 65 anos em torno de 6-10%. Para o mesmo grupo etário, a prevalência da Depressão se situa em patamares ligeiramente menores, porém, com a mesma magnitude. (para quem quiser saber detalhes da doença, continue lendo aqui)".

O Alzheimer é uma doença muito triste, se vista pelo prisma de quem está de fora. Ela é conhecida como uma doença muito mais da família do que do próprio portador. Este sequer nota que está com a doença, pois literalmente vai se apagando ao longo do tempo. Minha mãe tem Alzheimer há dez anos, o que já pode ser considerado um recorde de duração, pois em geral as pessoas morrem entre três a sete anos depois de feito o diagnóstico.

Acompanho o apagar de uma vida desde que notei os primeiros sintomas. Por isso é triste. É triste ver uma pessoa, ativa durante 70 anos, de repente começar a desaparecer a ponto de sequer reconhecer os filhos. A minha já não me reconhece. É triste ver alguém independente passar a depender dos outros para as coisas mais básicas da vida humana. É triste ter que trocar fraldas em quem te trocou as fraldas. Não faço isso, pois sequer teria coragem. E aí entra a questão da saúde pública.

Temos condições de manter enfermeiras 24 por 7 ao lado dela. Isso é uma exceção. Talvez uns 5% apenas, dos números dados no artigo que reproduzi, tenham condições de fazer isso. O resto? Nem imagino como fazem. O Alzheimer ainda não tem cura. O máximo que se pode fazer é tentar diminuir a velocidade com que a doença destrói o cérebro das pessoas e retardar a morte. E sabem como? Com um coquetel de remédios que custam uma verdadeira fortuna. Somente um deles custa mais que o salário mínimo. Sem contar fraldas, roupas, alimentação...

Como não tem cura, o indicado é simplesmente manter um pouco da dignidade do paciente e tentar proporcionar-lhe uma morte o mais tranqüila possível, quando esta se aproximar de fato. Para fazer isso gasta-se mais de três mil reais por mês. E quem não tem sequer um salário mínimo? As estatísticas estão aí: o Alzheimer é a doença da velhice e o país está ficando velho e os velhos desse país são pobres.

Devem morrer à mingua, pois, se já não é fácil acompanhar a doença mesmo tendo recursos, o que dirá sem tê-los. As famílias simplesmente devem "jogar" seus velhos nos asilos de mendicidade (alguns se autodenominam de clínicas de geriatria, mas não passam de depósitos de pessoas, pela maneira como as tratam. Recentemente a esposa de um primo morreu numa clínica - considerada boa - simplesmente porque as enfermeiras não viram que ela estava morrendo!!!). E o país não faz absolutamente nada para prever essa catástrofe pública. Teremos, em breve tempo, mais um problema seríssimo. Currupção passa e pode diminuir se tratada; Alzheimer não!

É triste ver alguém se apagando e morrer sem sequer lembrar-se de quem era; sem sequer lembrar da vida que teve; das coisas que realizou; dos filhos que colocou no mundo; das alegrias e tristezas; de tudo aquilo que contribuiu para o mundo. Não sei o que se passa no íntimo, naquele mais escondido recanto da alma dela: se lá saberá disso tudo que está lhe acontecendo. Por isso é que cada vez mais me convenço que a única coisa que levamos daqui é isso que poderá estar escondido até mesmo de nós, mas que levamos seja lá para onde for.

O resto? Passa!

A foto é de Alois Alzheimer, médico estudioso que pela primeira vez relatou as caracteríscas da doença que hoje leva seu nome.

domingo, julho 10, 2005

A mulher de 38

Pois é,

Desde que me conheço por gente venho analisando as mulheres. Como numa pesquisa científica, formulei algumas hipóteses que, com o tempo, fui testando. A pesquisa versa sobre as “variações no comportamento feminino e sua relação com a idade”. Hoje posso publicar os resultados.

A primeira conclusão é que existe, de fato, uma relação entre períodos de idade e comportamento, a saber:

13 – 15: período da descoberta da tesão. Fora algumas precoces exceções, em número cada vez maior, esse período caracteriza-se, apenas, pela insatisfação por não ser adulta o suficiente para sair dando. É o período da “mão boba”, também conhecido como “deixa eu botar a mão só um pouquinho?”. As mais ousadas arriscam um boquete, de quando em vez, no namoradinho.

15 – 18: período da perda da virgindade. Segundo as estatísticas, a maioria das meninas perde a virgindade nesse período. O que é ruim, pois vão ficar sem saber o que é sexo praticamente até os 35 anos. E por quê? Porque geralmente dão pra algum babaca um pouco mais velho e que também não manja nada do mister. Essa fase é conhecida, para os meninos, como “botei, gozei, tirei”, pois a única coisa que os marmanjos conseguem fazer é masturbar-se na menina. Algumas meninas costumam ficar com o mesmo namoradinho durante todo o período (que também é o da descoberta da paixão), pois aqui vale, para elas, o ditado: amor de pica fica.

18 – 27: período da revolta sexual. A menina entra pra faculdade e precisa mostrar pros colegas que manja de tudo, inclusive de dar, coisa que ainda não aprendeu. É uma época dúbia, pois além de ser a época de transar em pé dentro de banheiros de bares e boates é, também, a época de só querer dar pro cara que tem carro e dinheiro. É o período dos namoros de dois a três anos: as meninas investem pensando numa “relação duradoura”. Lá pelos 24 ou 25 anos descobrem que só perderam tempo: descobrem que o namoradinho da faculdade, o “futuro marido” e que só tira zero, não é um inteligente matão, é um babaca mesmo. É o período das primeiras investidas para o casamento. É a época do primeiro surto (outros virão): a idéia, ainda persistente em pleno séc. XXI, de virar “titia”, faz com que as meninas aprontem de tudo pra casar. As que conseguem hão de se arrepender para o resto da vida. Casam, botam filhos no mundo, acreditam na conversa de que o marido vai ajudar em casa, algumas largam a carreira profissional em prol da família. Setenta por cento chega aos 38 anos separada. Continuam sem saber quase nada de sexo.

28 – 35: É o período do “cafajeste”. Neste período temos dois grupos. (1) as que permaneceram solteiras e (2) as que permaneceram casadas. No primeiro grupo, a característica básica é uma relativa tranqüilidade. Geralmente já estão encaminhadas profissionalmente, têm uma razoável independência financeira, saem na hora que querem e dão pra quem quiserem dar. É quase a única fase em que a mulher pode se dar ao luxo de escolher para quem vai dar. Mas, como não tinham aprendido, ainda, a dar, via de regra, acabam se relacionando com os conhecidos “cafajestes”. De uma maneira geral, no entanto, resistem bem até os 35 anos. No segundo grupos, das casadas, a situação não é nada tranqüila. O sonho de ter uma família estável e feliz se encaminha para o brejo. Vêm as crises: a dos três e a dos sete anos. Se conseguir passar pela dos três, é quase certo que não passa pela dos sete. Via de regra, chegam aos 35 anos separadas. E com os filhos. É o período em que descobrem que casaram com cafajestes. Demora um pouco, mas acabam descobrindo que aquele joguinho de futebol com os amigos, no sábado, sempre acaba em putaria e que os arranhões nas costas não são das chuteiras de um amigo, mas das unhas de alguma baranga.

35 – 38: Este período marca o início da maior crise da mulher, e que tem seu auge aos 38 anos. Temos, também, dois grupos: as que chegaram aos 35 solteiras e as que chegaram separadas. As que permanecerem casadas nessa fase, pior sorte lhes aguarda adiante. Há um fenômeno comum: ambos os grupos, embora partindo de conjunturas diversas, acabam com o mesmo comportamento aos 38 anos. Cansadas de dar para cafajestes que só se masturbavam nelas feito adolescentes, as solteiras liberadas e independentes descobrem, nesse período, que acreditar na revolução do feminismo foi a maior furada da vida delas. Têm tudo o que querem, menos duas coisas: ainda não aprenderam sexo e estão sozinhas. Dos trinta e cinco aos trinta e oito anos, a crise só recrudesce. É, também, a fase em que algumas pensam em fazer as famosas “produções independentes”, pois chegar aos trinta e cinco sem filhos é o fim da picada. No grupo das separadas e com filhos, a crise se dá por acharem que nenhum outro homem há de querê-las, pois “quem há de agüentar minhas pestinhas?”, pensam elas, ou “homem não gosta de kit completo”. Como são frustradas no objetivo de ter uma família, saem a cata de qualquer um que faça bilu-bilu nos filhos. Dos trinta e cinco aos trinta e oito anos, a crise só recrudesce. As separadas descobrem, também, que deixar a carreira em segundo plano custou caro. Daí que o grande volume de ações de pensão alimentícia se dê nesse período: seja porque não ganham o suficiente; seja porque não ganham nada; seja simplesmente por vingança contra o FDP que a deixou na mão (mesmo que tenha sido ela a terminar, sempre há de pensar que o cara é um FDP).

38: O auge; o ano do cachorro. Afaste-se de qualquer mulher com 38 anos. Se, porventura, for inevitável (vá que você tenha bebido muito, né?), não esqueça jamais a camisinha. Não caia no conto da pílula, do DIU e de que ela está superprotegida: é lorota pra pegar você. Aqui é ponto de encontro do desespero, tanto de solteiras quanto de casadas. Durante um ano, ambas estarão “matando cachorro a grito”. Não seja um. Bares e chats estão cheios delas. Costumam andar vestidas como adolescentes. É a fase em que as separadas competem com as filhas adolescentes e as solteiras competem com as adolescentes filhas das separadas. O grito de guerra é: “qual o problema de eu andar com um homem mais moço?”. Normalmente esse “mais moço” é algum adolescente de 20 e poucos anos, que elas conheceram na academia, que é onde passam a maior parte do tempo quando não estão trabalhando ou cuidando dos filhos. Por isso continuam sem aprender sexo durante esse ano, pois quase nenhum homem, entre os 20 e 40 anos sabe trepar. Ambas querem, desesperadamente, casar. Muito importante: durante esse ano elas abandonam todo e qualquer preconceito econômico; nesse ano serve qualquer um, inclusive você, notório pé-rapado que ainda mora com a mãe.

39 – 41: Felizmente nem tudo está perdido. Passada a crise dos 38, a maioria (note que é a maioria, não todas. Portanto, um pouco de cautela nessa fase também é necessária) começa o caminho para a melhor fase da mulher. Como não conseguiu nada até agora, tanto as solteiras quanto as separadas descobrem que podem aprender um pouco mais sobre si e sobre a vida. Descobrem, finalmente, que foram mal comidas o tempo todo e que não aprenderam nada sobre o que seja esse tal de orgasmo. Aí fica bom, pois se dedicam a aprender o sexo. E chegam aos 41 como verdadeiras experts nas artes da cama. Começam a se relacionar com homens com mais de 40, pois estes já sabem como fazer uma mulher feliz na cama: descobriram que mulher é algo mais que um masturbador falante. São três anos de puro aprendizado. É o caminho para a verdadeira independência da mulher, que se completará aos 41. Já não buscam mais um homem para casar; querem alguém que as trate com dignidade, apenas. Por terem passado o ano dos 38 dentro das academias, ou caminhando nos parques, estão com o corpinho em forma. Sabem que são desejáveis e se aproveitam disso para algo mais útil do que simplesmente dar: querem aprender. E aí liberam geral, sem frescuras ou pudores de adolescentes.

42 – 45: o melhor da mulher. Ao menos na pesquisa, que se encerrou nessa fase. Mais eu não conheço. Dos 42 aos 45 a mulher está no auge de tudo. Completa, independente, dona e senhora da vida e do corpo. Aqui há um porém: é comum haver separações nessa idade. Afinal, pra quem casou nos 20, já lá se vão outros vinte de casamento. Poucos resistem a tanto tempo. Mas essas, em geral, passam uns cinco a sete anos refazendo a cabeça e a vida. Até lá já passaram dos 45 e aí não sei como ficam as coisas.

A segunda e última conclusão é, na realidade, uma dúvida: será que minha amostra foi estatísticamente relevante?

sábado, julho 09, 2005

Extra! Extra!

Pois é,

Os fatos atropelam as versões. Como o Chato foi atendido em seu desejo de ter um banner para a mostrar o que pensa sobre o debate "Afinal: blog é ou não democracia?", somos forçados a interromper o programa "Curta curtas no sábado" de hoje.

O Chato agradece, de coração, ao Gejfin, pela generosidade e pelo tempo (que sabemos ser importante) dedicado à causa.

O banner encontra-se ali no profile. Não haveria outro lugar para colocá-lo, pois, se é o que eu penso, é a minha cara. Se alguém desejar copiá-lo, sinta-se à vontade.

De qualquer sorte, o fato implica numa alteração do Código do Chato, para acrescentar um artigo. Assim sendo, publicamos na íntegra, em primeira mão, o decreto n.º 1957, de 09 de julho de 2005.

Decreto 1957, de 09 de julho de 2005.

Acrescenta os artigos 11 e 12 ao Código do Chato e dá outras providências.

O CHATO, no uso das atribuições que lhe confere o inciso IV, do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, decreta:

Art. 1º - O Código do Chato fica acrescentado do seguintes artigos:

"...

Art. 11 - Blog é blog e não se discute.

Art. 12 - Neste blog não existe democracia.

Parágrafo único. Quem pensar diferente que vá reclamar ao bispo.1

Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.

Art. 3º - Este decreto já está em vigor.

Porto Alegre, 09 de julho de 2005.

O Chato."

Exposição de motivos.

Não me passa pela cabeça que possam existir seres humanos, que pensem que blogs são públicos, embora eu até saiba que existam. Como dizia Einstein (frase colocada junto ao título do blog), não há limites para a estupidez humana. Esse é um caso típico. Quão estúpida pode ser a mente de alguém, por confundir o meio com o conteúdo ou com a forma.

Ler algum pensamento publicado num blog, e ter a caixa de comentários disponível, não dá a ninguém o direito de ser agressivo ou qualquer outro sinônimo da estupidez humana. Divergir, debater, discordar, ou qualquer outro sinônimo de inteligência humana, sim, isto não apenas é possível, como desejável.

Ninguém, mas absolutamente ninguém, é dono da verdade. Mesmo porque a verdade não existe (ver art. 7º do Código). O que construímos, nessa vida, é o conhecimento. E o conhecimento nada mais é do que o acúmulo de experiências e não, como pensa a estupidez humana, da ciência e consciência de uma verdade que não existe. Uma das formas de conhecer é a troca. E troca se faz apenas pelo debate, que é uma via de mão dupla. A agressão é uma via de mão única que não possibilita o conhecimento.

A ninguém é dado esquecer o supremo poder, quase divino até, que tem o dono de um blog: a qualquer momento e segundo seu talante, pura e simplesmente deletá-lo. Isso, por si só, já deveria ser o suficiente para frear a sanha democrática da estupidez humana.

Não há que confundir um velho ditado, que diz: "não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o direito que tens de dizê-lo", com autoridade para entrar na casa dos outros e esculhambar. E blog é, sim, a casa do seu dono. Uma coisa é aceitar diferenças; outra é admitir a estupidez humana.

Por fim, não custa nada lembrar que os crimes contra a honra são independentes do meio pelo qual são praticados. E a internet é apenas um meio. Alertem-se presentantes da estupidez humana: todos os comentários são gravados e o IP dos autores são registrados. Isso significa que é possível mover uma ação criminal tendo como prova a cópia do comentário.

Ter liberdade de comunicação não significa ter liberdade de agressão.

1Redação alterada por sugestão do Flávio Prada.

Curta curtas no sábado

Pois é,

08:00 - Tá indo rápido demais, já é sábado de novo!

08:30 - Ontem fomos fazer mais uma ecografia. Tudo bem com a Clarissa: 1,200Kg e é a cara do pai. O problema é que, enquanto esperávamos, arranquei as páginas de uma revista. Que feio! Há que se ter técnica para fazer isso, em meio a uma sala de espera cheia de gente.

09:55 - Ruínas da Babilônia foram danificadas pelos EUA.

Pequena notícia que encontrei na revista "História Viva" deste mês (a que eu rasguei foi outra revista):

"O Museu Britânico preparou relatório no qual afirma que as forças lideradas pelos Estados Unidos no Iraque causaram danos às ruínas da Babilônia, um dos sítios arquelógicos mais importantes do mundo. O estudo, citado pelo jornal The Guardian, constatou que calçamentos de 2,6 mil anos de idade foram destruídos por veículos militares e que fragmentos arqueológicos foram usados para encher sacos de areia numa base militar instalada no local. Ainda segundo o relatório, áreas da cidade teriam sido cobertas de cascalho para facilitar o pouso de helicópteros e servir de estacionamento para veículos, comprometendo futuras explorações arqueológicas.


O documento diz também que rachaduras e lacunas apareceram em um dos mais importantes monumentos da Babilônia, a Porta de Ishtar, do qual teriam tentado retirar tijolos decorados."


Sem comentários (da minha parte, ao menos)!

sexta-feira, julho 08, 2005

Campanha

Pois é,

Alguém me ajude por favor: eu não manjo nada de ferramentas para desenhar um banerzinho para uma campanha e para botar lá na nova casinha. Negócio é o seguinte:

Muito se discute sobre democracia em blogs. Gente dizendo que sim, gente dizendo que não. Gente dizendo que pode deletar, gente dizendo que não pode deletar comentários. Tem de tudo.

Assim que, cheguei a brilhante conclusão: sabe aquela história de que "gosto é gosto e gosto não se discute"? Essa discussão sobre blogs elevou-os a mesma categoria do gosto, da religião, da política e do futebol: não se discute! Daí a campanha e o banner:

"Blog é blog e blog não se discute".

Haveria, na blogosfera, alguma alma caridosa para fazer-me esse favor?

Da série "O que eu penso sobre"

Pois é,

Sabem o que eu penso sobre gente que é contra o uso de células tronco, de clonagem de órgãos, de doação de órgãos, de transfusão de sangue, de tantas outras coisas que a ciência vem produzindo e que podem salvar a vida de muitos seres humanos?

Talvez essa gente não tenha se apercebido, ainda, da inexorabilidade da evolução humana, da evolução da sua produção, seja científica, seja filosófica. Aliás, a única coisa que não evolui são algumas religiões.

Se alguém me perguntasse, nessas correntes que andam por aí, qual é a cena de filme que mais representa a humanidade, não teria dúvida em dizer que é uma cena de 2001 - Uma Odisséia no Espaço: é quando o macaco pega o osso, bate-o diversas vezes no chão ameaçando os demais e, ao lançá-lo ao ar, transforma-se na espaçonave que orbita a lua.

Esta cena é de um significado múltiplo, porém único na sua essência:

1. é a descoberta de que o homem é capaz de se utilizar da natureza. É quase - se não for - uma representação bíblica do gênesis: Deus fez a natureza para que dela o homem fizesse proveito. Nessa cena o macaco descobre-se diferente da natureza, separa-se dela: toma consciência de si. É expulso do paraíso.

2. Ao tomar consciência de si, toma, também, consciência do poder sobre os demais da sua espécie. Nasce a posse, que irá evoluir para a propriedade. O que antes era apenas defesa de um território como defesa da "família", e indiretamente da espécie, passa a ser a defesa da posse derivada do poder: diferencia-se o ser do ter, que passa a determinar a evolução.

3. A posse - o ter - leva o macaco do osso à espaçonave: a evolução. A evolução material baseada no ter. Mas não para aí. Ainda temos o monolito a perseguir. A origem e fim de tudo; a continuação da evolução, daí dizer que ela é inexorável. E nos aproximamos dele, quer queiram alguns ou não.

O homem sempre será menor que a humanidade. O homem só vai parar de matar a vida quando aprender a fazer vida. Por isso não dá para entender que existam pessoas que preferem ver semelhantes morrendo a abrir mão de preceitos ético-religiosos, que se acabam quando eles - os que defendem - também acabam. É a hipocrisia querendo frear a evolução. Pobres.

O que eu penso dessa gente? Não penso, eu só espero que essa gente jamais precise, para si ou para algum familiar, dessa evolução para continuar viva. E se houver algum deus por aí, que os faça morrer lentamente de alguma doença que poderia ser curada com alguns desses avanços por eles negados.

quarta-feira, julho 06, 2005

Textos - II

Pois é,

Se não tivesse dirigido minha vida pelo caminho que ela segue hoje, teria me dedicado às palavras e ao texto e suas regras. Lingüística, semiótica, teoria da comunicação, gramática; o estudo da linguagem é fascinante. Antes, talvez, estudaria piano. Não pertenço ao universo das pessoas que acha o português uma língua complicada. Ao contrário, penso que é bastante simples, os professores é que complicam; as pessoas é que complicam. Também não pertenço ao universo daqueles que querem petrificar a língua; dos que gostariam de retornar ao latim vulgar (embora ache importante seu estudo); dos que reclamam da linguagem utilizada na internet, o internetês. Sobre isso, aliás, ver o verbete "Lingüística" em http://pt.wikipwdia.org :

[...] As pessoas envolvidas nesses esforços de "descrição" e "regulamentação" têm sérias desavenças sobre como e por que razão a linguagem deve ser estudada. Esses dois grupos podem descrever o mesmo fenômeno de modos diferentes - em "linguagens" diferentes. Aquilo que para um grupo é "uso incorreto" para o outro é "uso idiossincrático" ou apenas simplesmente o uso de um subgrupo particular (que geralmente é menos poderoso socialmente do que o subgrupo social principal, que usa a mesma linguagem).
Em outro verbete, temos:

A linguagem diz respeito a um sistema constituído por elementos que podem ser gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que são usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos. Nesta acepção, linguagem aproxima-se do conceito de língua. Numa outra acepção, linguagem refere-se à função cerebral que permite a qualquer ser humano adquirir e utilizar uma língua.
Sou dos que preferem uma língua viva, mutável, próxima do conceito de linguagem; uma língua que admite que idéias, significados, pensamentos e comunicação também são mutáveis.

Um texto é um sistema constituído por palavras escritas, sinais e símbolos, com o objetivo de comunicar idéias, significados e pensamentos. Talvez existam outras definições, mas prefiro ficar com essa. Sob a ótica desse conceito, o internetês é, sim, uma linguagem, uma quase língua, um dialeto. Até aí nada de mais, todos sabemos disso. O que é preocupante, é o fato de existirem pessoas que se colocam contra o internetês e chegam a tecer "elogiosos" comentários sobre as pessoas que se comunicam assim, como se a comunicação somente possa se dar em português ou nas línguas oficialmente reconhecidas pelas Academias.

O mais interessante, é que essas pessoas usam algumas centenas de palavras "novas" na língua portuguesa, para criticar o novo. Usam deletar, link e toda uma gama de palavras importadas e adaptadas ao clima, para dizer que "vc q tc?" não pode ser utilizado. Ora, como disse ontem, vamos olhar primeiro para a própria bunda.

O Gejfin, no comentário, disse que "acho que o segredo é entender que por mais que se use a palavra certa, é absolutamente impossível que a mensagem seja entendida tal como foi "idealizada" na mente do autor. Isso proque minha referência de uma simples "cadeira" pode ser completamente diferente de outra pessoa". Tomando a liberdade de discordar um pouquinho dele (devo ser gentil, né? Afinal ele é o síndico do condomínio), diria que a linguagem da internet tem introduzido a simplificação desse problema: objeto -> idéia do objeto -> representação do objeto -> palavra -> comunicação -> palavra -> representação diferente do objeto - idéia do objeto - objeto.

O que é diferente nessa cadeia é apenas a representação que fazemos do objeto. Ao simplificar a escrita, pela rapidez e economia de elementos, simplifica-se também, a representação do objeto. Assim, o internetês tem causado uma aproximação cada vez maior das representações possíveis de um objeto ou idéia que diferentes pessoas podem ter. E por quê? Porque não importa qual representação eu faça de "cadeira"; irá importar apenas que, do outro lado, há de chegar "cadeira". O que é, definitivamente, muito bom, pois também reduz o nível de ruído.

Esse tipo de comunicação, onde a representação do objeto é igual para o emissor e receptor da mensagem, é muita utilizada, por exemplo, na política: quando um político fala "mensalão", o outro sempre vai entender "$$$$$$". Nós é que ficamos imaginando que "mensalão" pode ser "cadeira".

Talvez estejamos iniciando um lento e gradual retorno para a língua original.

terça-feira, julho 05, 2005

Textos - I

Pois é,

Já tinha a idéia de continuar o post anterior com uma evolução natural: da palavra ao texto e, após, do texto ao contexto. Esperava que alguém me desse o mote para contiuar. E foi justamente o Diego, autor de um blog chamado Figuras de Linguagem, quem mo deu, como diriam os portugueses.

"Dizer que a comunicação humana se dá mais pela expressão do corpo e da voz é dar bastante importância para a forma. A primeira vista, concordo com isso, não entreando em distribuição de percentuais. Mas acho que para a palavra escita, isso funciona um pouco diferente. Na forma de organizar as palavras em um texto e mesmo na escolha do vocabulário, dá para mudar o tom da voz e até fazer gestos. Acredito nesse poder das palavras. Se os outros vão entender... bom, daí já são outros quinhentos.."

Ao mudar o tom de voz ou mesmo fazer gestos com o uso das palavras, estamos apenas traduzindo, em signos, a comunicação corporal. A questão aqui não é mais de palavras e seus significados, mas da frase, do texto, do conjunto de palavras associadas para significar algo para alguém. Colocas, Diego, o grande problema da comunicação: "Se os outros vão entender... bom, daí já são outros quinhentos...".

Simplesmente não há comunicação se os outros não entenderem, certo? Por exemplo: qual foi a idéia central, ou idéias desenvolvidas no post anterior? O que eu quis comunicar? O que eu desejava que as pessoas "entendessem"? Se olharmos os comentários, veremos que aconteceu exatamente aquilo que estava escrito: cada um usou seus filtros e comentou uma parte do post. Mas, será que eu tinha uma "parte" mais importante para comunicar?

Eu me comuniquei?

A forma do texto foi determinante para que cada um comentasse uma parte? Teria sido diferente se eu começasse com o tema da ida para a Verbeat e deixasse o dicionário para depois? Por que o post fez a Tati lembrar exatamente da poesia do Quintana? Será esta poesia a única do mundo que trata desse assunto, ou será apenas a única poesia que a Tati conhece sobre esse assunto? E esse era o assunto principal?

Antes de continuar, um pequeno aviso: não sou especialista no assunto. Não esperem nada além de um "livre pensar" sobre a comunicação através de textos.

Palavras

Pois é,

Ontem o Erny postou o seguinte comentário:

"Afonso

Seria marca registrada, de nós chatos, a citação de dicionários para ratificar e/ou conduzir textos.
Nos "meustextículos" seguidamente uso deste artifício. Somo chatos/abobados de dicionários?"

Já havia postado aqui uma fala de Humpty Dumpty e vou repetí-la:

Mas 'glória' não significa 'um argumento arrasador", contestou Alice.
"Quando uso uma palavra", disse Humpty Dumpty num tom de desprezo, "ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique - nem mais nem menos."
"A questão", ponderou Alice, "é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.


Sabemos que apenas 7% (sete porcento) da comunicação humana se dá pela fala, isto é, pelo uso das palavras. Os outros 93% estão divididos entre as expressões do corpo e da voz. Isso significa que quem lê um post mal e porcamente perceberá, no máximo, 7% da comunicação.

Mais, lemos e ouvimos não com os olhos e ouvidos da outra pessoa, que se comunica com a gente, mas, sim, com nossos próprios olhos e ouvidos, isto é, filtramos a mensagem de acordo com os nossos padrões, tiramos dela conteúdos que a nosso interlocutor poderia querer transmitir. Esse processo se dá por deleção (em função de bloqueios pessoais, tabus, dogmas, etc., simplesmente eliminamos parte do discurso ouvido); por generalização (esta é uma tendência natural do ser humano e eu diria, até, uma necessidade: precisamos de leis gerais; reproduzimos a necessidade de um deus onisciente, onipresente e onipotente em todas as idéias que ouvimos. Tendemos a tranformar casos particulares em leis gerais) e, por fim, por distorção (em função dos nossos próprios paradigmas tendemos a valorizar alguns aspectos da mensagem em detrimento de outros - que podem ser considerados mais importantes pelo interlocutor).

Percebe-se, então, que num post - e em escritos em geral - a possibilidade de comunicar uma idéia de forma clara é bem pequena. Por essa razão uso, por vezes, do recurso ao dicionário. É que quando uso uma palavra quero que ela signifique exatamente aquilo que quero que ela signifique. Nem mais nem menos. Mostro qual a acepção estou dando a ela, para que aconteça o mínimo possível de distorções, deleções ou qualquer outro tipo de ruído.

Embora não seja escritor no sentido literário da palavra, considero de extrema importância o cuidado ao juntar palavras para comunicar uma idéia. Mesmo que blogs possam ser mais informais, por vezes podemos nos tornar algo indesejável - sem querer - pelo descuido ao usar as palavras. É muito pouco o recurso que dispomos (7%) para que não o usemos da melhor maneira possível.

Por isso o Erny tem razão: somos chatos. Mas não é esse o blog? O Chato? hehehe

Mudando de saco pra mala, estou arrumando as malas para ir pra nova casinha, lá na(o) Verbeat. Não imagnava que isso poderia causar alguma ansiedade, mas está. Sinto-me como uma criança que pela primeira vez entrega sua redação para a professora corrigir.

Sinto-me assim: o primeiro post na Verbeat a gente nunca esquece. Não posso fazer feio (já sei que são cobranças apenas pessoais, mas eu também conto, né?). Zilhões de idéias para o post inaugural. Oh! Céus, que fazer?

domingo, julho 03, 2005

O que eu penso sobre: simplicidade

Pois é,

Iniciando a série "O que eu penso sobre".

Segundo o Houaiss, simplicidade é um substantivo feminino que pode seignificar:

1 ausência de complicação
2 qualidade do que é simples, do que não é composto
3 comportamento natural e espontâneo, ausência de pretensão
4 caráter próprio, não alterado por elementos estranhos
5 elegância, maneira natural e simples de falar ou escrever
6 qualidade, caráter daquele que é sincero; franqueza, pureza, candura
7 ausência de luxo, de pompa, de sofisticação


De certa forma, e de uns anos pra cá, venho tentanto tornar a minha vida o mais simples possível, sem complicação alguma. O díficil é livrar-se da pretensão. Pretensão de ser o melhor seja lá no que for. A idéia deste blog era ter uma maneira natural e simples de escrever, sem luxo no template, sem sofisticação no conteúdo, mas com franqueza, pureza e candura.

Infelizmente a vida vai nos apresentando desafios. Profissionalmente, o maior desafio tem sido lidar diariamente com gente da informática, os informatas. Essa gente já nasce complicada. Devem entrar na fila da complicação umas dez vezes antes de nascer. Pena que não cabe aqui neste blog, mas fiz um trabalho, uma análise, com base na teoria do Bion sobre grupos, que se aplica perfeitamente a eles (viram? Quando a gente quer complicar até cita uns nomes diferentes). Desse convívio, no entanto, tem resultado uma coisa boa: aprimoro (treino, aumento) a minha capacidade de ter paciência. Algo como transformar limões (os informatas) em limonada (a paciência).

É difícil fazê-los pensar de uma forma que não seja a estritamente lógica. Com raríssimas exceções, são incapazes disso (via de regra, essas exceções são engenheiros que acabaram se bandeando para a informática). E sei do que estou falando: conheço por dentro, pois fiz faculdade e trabalhei por uns dez anos como analista de sistemas. Sou do tempo do "proibida a entrada de pessoas estranhas" pendurado na porta do CPD. Acompanhei toda a evolução da informática, desde os mainframes (alguém aí lembra do IBM 1130, do B6900?), passando pela revolução da microinformática, aos dias de hoje.

Um programa deve ser lógico para funcionar, eu sei. Mas daí a aplicar a lógica para a vida e para as chamadas relações interpessoais vai uma distância de muitos anos-luz. Estou pensando seriamente em sugerir a contratação do Tiagón e sua não-lineariedade para dar uma aulinhas lá pro pessoal de informática da minha instituição.

Desisti da profissão quando descobri meu caminho em busca da simplicidade. Simplicidade e informática são como água e azeite. Só que a maioria continua achando que vive dentro de um CPD, lotado de geninhos disputando beleza pra ver quem faz o melhor programa. E entenda-se por melhor programa aquele que será o mais difícil e complicado para o usuário (e, por conseqüência, o mais simples de fazer manutenção).

Aliás, essa palavrinha, usuário, não só não existe no dicionário deles, como o infomata que a pronunciar será imediatamente expulso da sociedade secreta. Gostaria, sinceramente, de conhecer alguém que trabalha em uma organização que tenha um departamento (ou qualquer outro nome) de informática que diga que goste do serviço ou dos sistemas desenvolvidos.

Tenho uma leve intuição de que simplicidade deve ser um dos atributos da liquidez. (Ainda estou pensando no assunto, não esqueci que comecei e ainda não terminei a série sobre.) Talvez ainda não saiba bem o que é, ou como é, ser líquido, mas de uma coisa eu tenho certeza absoluta: gente da informática não é liquida.

sábado, julho 02, 2005

Curta curtas no sábado

Pois é,

Hoje é dia de curtas ao longo do dia...

Tem pra tudo (22:40)

O que será que leva uma pessoa a perder parte da vida com isso?

O psiquiatra japonês Akira Haraguchi, 59 anos, bateu o recorde mundial de memorização do número "Pi" (3,1415...), depois de decorar 83.431 decimais. Ele demorou 13 horas para dizer todos os decimais num local público de Kisarazu , ao sul de Tóquio.

O recorde anterior, segundo o livro Guinness dos recordes, era de 42.195 decimais.

Haraguchi já havia batido a marca em setembro passado com 54 mil decimais, mas a façanha não foi homologada porque ele ultrapassou o tempo limite estabelecido pelos organizadores. (fonte: Terra)


Fumei (16:15)

Pois é, admito, acabei de fumar um cigarro. Não foi vontade, foi sem-vergonhice mesmo! A Kaya tá dormindo... e a minha cara-de-pau também...


Demorei... (16:00)

Demorei, pois estava escrevendo o post de domingo e que vai ficar até segunda-feira, se eu me agüentar até lá...


Originais (13:30)

Pode não interessar a ninguém saber disso, mas sabem que tenho os discos da época do lançamento (originais, eu chamo) do Led Zeppelin, do Pink Floyd, do Yes, do Santana, do Peter, Paul and Mary, do Peter Senge, do Rick Wakman, do Crosby, Stills & Nash, do Jethro Tull, Grand Funk (We're An American Band), Elizeth Cardoso com Zimbo Trio e Jacob do Bandolim em gravação ao vivo de 1968, O Fino da Bossa, Arturo Toscanini, quando ainda era vivo, regendo a NBC Symphony Orchestra com Rossini Overtures. Putz, e muitas outras mais? São das poucas coisas que resistiram ao ímpeto de jogar tudo fora...


É, é assim mesmo... (13:00)

É assim mesmo. A Kaya dorme (tadinha, passou a noite com cãibras e quase não dormiu) e eu estou arrumando minha discoteca (só de LPs são 850 e de CDs uns trezentos) e as idéias vão e vêm (como uma onda no mar...). Aquelas que consigo prender, venho aqui e digito.

Arrumação (12:45)

Blogs servem pra muita coisa. O Milton Ribeiro, por exemplo, está me fazendo reorganizar minha biblio.disco.teca.dita.erudita. Milhões de outras ocupações me fizeram postergar a arrumação dos meus livros e discos (LPs e CDs). Agora, com essa nova série sobre música erudita - eu prefiro chamar de clássica, pois daqui a duzentos anos até os Beatles serão clássicos, mas talvez não sejam eruditos (tá bom, isso até merece um post, clássico X erudito X popular) -, gostaria de fazer pequenas contribuições e, para isso, preciso estar com a casa em ordem. É isso, blogs servem para ordenar a casa. É o que estou fazendo entre um escrito e outro.


Nesses dias de mensalão...(12:05)

Um Utilitarista, Francis Hutcheson, cunhou a frase "a melhor ação é a que busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos". Jeremy Bentham dizia que "a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior número possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o legislador buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma identidade de interesses entre cada indivíduo e seus companheiros. Aplicando penas por atos mal-intencionados, o legislador faria prejudicial para um homem causar dano ao seu vizinho."

Bons tempos, bons tempos...


Mudei de idéia (11:10)

Há pouco escrevi que iria levar apenas doze posts pra nova casa. Como todo bom geminiano, mudei de idéia. Farei diferente. Pretendo criar "seções" no novo velho blog e uma delas há de se chamar "Saudade não tem idade", e nela vou republicando aqueles posts que considero mereçam nova divulgação. Um dos dias da semana será dedicado a isso, ainda não decidi qual. Estou tentado pelo domingo, mas domingo, pelo que já vi, é um dia de pouca leitura de blogs. Sei lá, penso que as pessoas preferem fazer outras coisas do que ler ou escrever em blogs. Por falar nisso, taí uma coisa que ainda não entendi bem: por que as pessoas tratam a blogosfera como tratam da vida real? Bolg precisa de DSR? Precisa ter folga no fim de semana?


Cidade louca (10:35)

E depois dizem que eu não tenho razão. Um dos dias mais lindos de POA. Sol, calorzinho ameno com ligeira tendência à elevação no transcorrer do período e até domingo.
E aí, bummmm! A temperatura, que chegará aos 30 graus, vai despencar - EM MENOS DE 24 HORAS, para quase zero grau, com previsão de neve inclusive (na serra, é claro), na segunda-feira.


Coisa linda (10:15)

É de uma beleza tocante e emocionante este post (Um anjo no espelho) da Nora:

Quanta gente por aí poderia começar a resolver seus problemas se lesse esse post. E mais, quanta gente passaria a compreender melhor os outros se lesse esse post.


Mudanças (10:00)

Minha vida é marcada por mudanças. Meu pai, que era militar, trocava de cidade a cada três anos em média. Depois de adulto fiz inúmeras mudanças, algumas de cidade, outras de apartamento aqui em POA. Também, em média, três a quatro anos em cada lugar (em alguns menos ainda).
No início, a gente leva tudo que tem e mais um pouco. Montar e desmontar móveis; guardar as tralhas em caixas: livros, discos, quadros, papéis, aparelhos de som, caixas arquivo, etc. é fichinha pra mim. Com o tempo, no entanto, fui me livrando de muita coisa. Com a internet já não temos mais razão para guardar. Quase tudo está ali. É um processo muito bom de desapego das coisas materiais, como disse num post.
Agora é chegada a hora de mais uma mudança, como já devem saber. Poderia levar o blog inteirinho pro novo condomínio, mas não vou fazer isso. Vou selecionar um post por mês, o que significa que levarei apenas doze posts para a nova casa. Vou tentar resistir à tentação de carregar as tralhas todas. Não garanto que consiga separar apenas doze. Podem ser menos.
Enquanto isso, vou tentar resolver o eterno e misterioso problema de qual é a pronúncia correta da nova casa. Ficaria feio não saber, né?

sexta-feira, julho 01, 2005

Enquanto isso...

Pois é,

Enquanto isso, lá na 2ª Vara Criminal do Fórum Central de Porto Alegre...

- Olha, dotor, eu não tenho culpa, não.
- Mas o senhor foi convidado, não foi, seu Chato?
- Convidado eu fui, dotor, mas sabe como é, a situação num tá boa pra ninguém.
- E sabe, também, que ao aceitar o convite o senhor tornou-se cúmplice?
- Disso eu não sabia, dotor. Eu achava que a culpa era de quem tinha tido a idéia.
- E de quem foi a idéia?
- Ah, dotor, isso eu não posso dizer, não. Imagina, eu tenho mulher, filhas, sabe como é, eles podem querer se vingar. Podem sair por aí dizendo coisas a meu respeito...
- Bom, estou vendo que, além de cúmplice, o senhor vai ser partícipe também e aí a pena será maior!
- Olha, dotor, o senhor pode me chamar de qualquer dessas coisas aí, mas eu não sou dedo-duro, tá! E tem mais, quer saber? Vou sim, dane-se o senhor! Que não iria? Garanto que se o dotor tivesse sido convidado também iria.

x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x

Enquanto isso, por aqui, semana que vem teremos uma das séries mais sensacionais, jamais escrita na blogosfera. Original, em primeira mão (!?), O Chato lança:

O QUE EU PENSO SOBRE...

Em cada post, o Chato revelará o que pensa sobre um tema atual e polêmico, escancarando, definitivamente o porquê de ser chamado de Chato. Não percam. Copiem, pois pode ser que nunca mais isso aconteça. E por que só na semana que vem? Ora, eu preciso de uns dias pra pensar o que eu penso sobre, óbvio!

x.x.x.x.x.x.x.x.

Enquanto isso, num bar de Porto Alegre... bom, essa tem gente que vai contar e, seguramente, mostrar até fotos... (ui, devo ter saído horrível nelas...).

x.x.x.x.x.x.x.x.x

- Afonso!!
- Sim, Chato?
- Quem sabe se, enquanto isso, tu não para de escrever bobagem e vai trabalhar pra fazer jus ao imposto dos teus leitores?
- ...

quinta-feira, junho 30, 2005

Abobrinhas

Pois é,

Hoje o dia é de abobrinhas. Pudera, tá uma cerração nessa cidade que literalmente não se enxerga um palmo adiante do nariz. E com diz o velho ditado, cerração que baixa, sol que raxa. Lá pelo meio dia ninguém agüenta o calor. E estamos no inverno. Essa cidade está insuportável com esse clima. Bons tempos, quando eu era criança e inverno era inverno, verão era verão. E ainda não existia o tal El Niño.

Hoje também é dia de fazer exame de sangue. Pô, doze horas sem comer é brabo! E espirometria e ergometria e, por enquanto, apenas PSA.

- Tá ficando velho, Afonso!
- Sai pra lá, Chato, que velho é teu pai!

Um dos trechos mais lindos da bíblia( Ecl, 3:1-8), um poema (e serve pra quem acha que não tem tempo pra nada):

"Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu.
Tempo de nascer,
e tempo de morrer;
tempo de plantar,
e tempo de arrancar a planta.
Tempo de matar,
e tempo de curar;
tempo de destruir,
e tempo de construir.
Tempo de chorar,
e tempo de rir;
tempo de gemer,
e tempo de bailar.
Tempo de atirar pedras,
e tempo de recolher pedras;
tempo de abraçar,
e tempo de se separar.
Tempo de buscar,
e tempo de perder;
tempo de guardar,
e tempo de jogar fora.
Tempo de rasgar,
e tempo de costurar;
tempo de calar,
e tempo de falar.
Tempo de amar,
e tempo de odiar;
tempo de guerra,
e tempo de paz."

terça-feira, junho 28, 2005

Fim de mês

Pois é,

Hoje é o pior dia do mês. E é, também, o dia que comemoramos, eu e a Kaya, 4 anos de conhecimento. Mas nem isso será capaz de me fazer suportar a cena noturna: chegarei em casa e lá estará ela debruçada sobre a mesa, a essas alturas tapada de papéis que sei serem contas e mais contas. É a tal da vida de casado. Como sou um homem moderno e, por isso mesmo, aceito a participação das mulheres na divisão das tarefas domésticas, deixei com ela a administração das contas do lar, além, é claro, das já tradicionais tarefas femininas. A mim cabem as tarefas mais pesadas: levantar móveis em dia de faxina e fazer o depósito na conta dela.

E a cena é sempre a mesma. Estarei aqui escrevendo, quando ela virá até aqui e colocará um papelzinho dobrado em cima do teclado. Mas não sem antes fazer um perguntinha prá lá de retórica: "estás sentado?" Começarei a tremer. Nem arriscarei uma resposta, também retórica, do tipo "sim", pois pode acontecer dela dizer: "então esse mês é melhor estares deitado". Aliás, já estou tremendo desde ontem, que nem peru. De véspera, pois já sabia que hoje era dia de pagamento.

Pensando bem, chamar de pagamento deve ter sido invenção de patrões reunidos em assembléia. Trabalho para pagar: pagar o governo que me paga (maior absurdo esse: eu trabalho pro Estado e ainda tenho que pagar por isso - tá na hora de acabar com IR de servidor público!), pagar as contas das compras, mais governo nas contas de luz, telefone, iptu e milhares de outras. É dia do pagamento porque nesse dia pago tudo. Pago, não, paga, pois é ela quem paga as contas, lembram?

Mês que vem me vingo: estou treinando um dos gatos para comer papel. Aí, quando ela soltar aquele monte de contas em cima da mesa, o gato vai lá e, disfarçadamente, nhac!, papa umas duas ou três. Comer papel ele até já está comendo, pois comecei o treinamento com papel higiênico, que é bem levinho... Só não consegui, ainda, fazê-lo escolher aquelas com valor mais alto. Tenho feito ele cheirar o papel dessas contas pra ver se ele identifica, mas parece que isso é mais pra cachorro. Enfim, vou continuar contando com a sorte, que, por sinal, não tem me ajudado muito nesse caso. O desgraçado até agora só comeu continha mixuruca.

Legal, depois de descobrir que mais uma vez estou (ou será que sou?) pelado, vamos fazer festinha de 4 anos. Depois não sabem porque os consultórios dos psi andam cheios de homens com problemas de... digamos... como direi?... é, é esse mesmo!

Ps: o tormento é tanto que já ia esquecendo. A história de ontem é do Malba Tahan, do livro "Lendas do Bom Rabi". Gostaram? Depois publico outras. Ele é muito bom. Pena que hoje em dia preferem badalar os tais de PCs e outras tantas p... [animal que chafurda na lama - "o" + trecho de uma ópera em que um cantor ou cantora se apresenta sozinho(a)].
Ps2: Esse Haloscan tá uma p...[idem ao anterior]. Nunca mostra o número certo de comentários. Será que existe algum sistema confiável? Esse já é o terceiro que experimento!

Vinho

Pois é,

Nessa época de frio e vinhos, uma pequena historinha:

"Preparava-se Noé para plantar a primeira vinha e eis que surge diante dele a figura negra e hedionda do Demônio.

- Que pretendes plantar aí? - Perguntou o Demônio.


- Uma vinha! - informou Noé, encarando com olhar sereno o seu insolente interrogante.


- E como são os frutos que esperas colher, meu velho? - inquiriu friamente o Demo.


- Ora - explicou o Patriarca de bom humor - são frutos deliciosos, sempre doces. Os homens poderão saboreá-los maduros e frescos ou secos e açucarados. Do caldo desse fruto poderá ser fabricado uma bebida - o vinho - de incomparável sabor. Essa bebeida levará alegria e inspiração aos corações dos mortais!


- Quero associar-me contigo no plantio dessa vinha! - propôs o Demônio com certo acinte na voz.


- Muito bem - concordou Noé - Trabalhemos juntos. Ficarás, desde já, encarregado de regar a terra.


E o Demônio, no desejo de agir pela maldade, regou a terra com o sangue de quatro animais tirados da Arca: o cordeiro, o leão, o porco e o macaco.

Em conseqüência desse capricho extravagante do Maligno aquele que se entrega ao vício degradante da embriaguez recorda, forçosamente, um dos quatro animais. Bem infelizes os que se deixam dominar pelo álcool! Tornam-se alguns sonolentos e inermes como um cordeiro; mostram-se outros exaltados e brutais como o leão; muitos, sob a ação perturbadora da bebida que os envenena, ficam estúpidos como um porco. E há, finalmente, aqueles que, depois dos primeiros goles, fazem trejeitos, dizem tolices e saracoteiam como macacos."

Alguém lembra de quem é essa história? Resposta amanhã, que agora vou curar a ressaca...

domingo, junho 26, 2005

Mulheres, e-mails e organizações

Pois é,

Convém lembrar do art. 2º do Código do Chato antes de ler este post.

Que me perdoem as mulheres, mas há uma incrível associação entre elas e mails com anexos contendo arquivos "pps", com mensagens do tipo "Você será feliz", "Jesus te cura", ou com bichinhos, florzinhas, texto enormes com musiquinhas ao fundo, exortando você a ser feliz, a dar a outra face ao fdp do teu colega que só te fode para pegar o teu lugar e o escambau. Simplesmente não olho, deleto. É pura perda de tempo. A Kaya já sabe bem o que pode ou não. E-cards também. Deleto. Esses dias minha filha me mandou um. Deletei. Dias mais tarde ela me telefona perguntando se eu havia gostado do cartão. Cartão? Que cartão? Tive que lembrá-la que não abro esse tipo de arquivo. Mensagens que as pessoas simplesmente reenviam com o " assunto" em inglês, também. Deleto. Só abro mail de gente conhecida e de quem, nos poucos segundos antes de deletar, eu consiga lembrar. Caso contrário, dança. Deleto.

É o único antivirus que funciona: não ser curioso. A curiosidade é arma das pessoas que mandam spam e virus. Sabem que boa parte das pessoas é curiosa e vai acabar abrindo. Depois que adotei essa simples regra, nunca mais tive problema de virus. Fotografias sim, estas podem me mandar. Há vários com fotos sensacionias da natureza. Como eu sei antes de deletar? Já avisei a maioria das mulheres que me mandam mails que fotografias pode. Assim não me incomodo. Os homens? Nunca recebi nada disso de um amigo. Homem não repassa as bobagens que recebe. Deles, só mulher pelada e sacanagem, que ninguém por aqui é santo.

Como toda regra, no entanto, vez por outra abro alguma exceção. Principalmente de pessoas (mulheres) que recentemente começaram a me mandar mails. Até que adquira alguma intimidade com elas - para poder dizer que não me mandem mais bobagens - vou abrindo. Muitos anos antes dessa febre se alastrar, e quando ainda era possível abrir mails com segurança, sem que estivesse lá dentro a minha salvação, recebi um mail com um texto que guardei:

As Três Peneiras

Olavo foi transferido de projeto. Logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com esta:

- Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva. Disseram que ele...

Nem chegou a terminar a frase e Juliano, o chefe, apartou:

-Espere um pouco Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras, chefe?
- A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?
- Não, não tenho. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que...

E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:

- Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE. O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
- Claro que não! Deus me livre, chefe - diz Olavo assustado.
- Então, continua o chefe, sua história vazou a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE. Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passá-lo adiante?
- Não, chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras vi que não sobrou nada do que eu iria contar - fala Olavo, supreendido.
- Pois é, Olavo. Já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? Diz o chefe sorrindo e continua:
- Da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo dessas três peneiras: Verdade, Bondade e Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, porque:

PESSOAS COMUNS FALAM SOBRE COISAS

PESSOAS MEDÍOCRES FALAM SOBRE PESSOAS

PESSOAS INTELIGENTES FALAM SOBRE IDÉIAS

O cotidiano da vida organizacional é assim: 70% das pessoas são comuns; 25% são medíocres e somente 5% costumam ter idéias. De outra banda, a consideração dada às pessoas é inversamente proporcional: crescem os medíocres (em geral viram chefes), depois os comuns e, por fim, quem realmente pode fazer algo é quase que desprezado, chamado de "maluco". Desses dizem: "lá vem fulano com mais uma das suas idéias...". Não me admira que as organizações, públicas ou privadas, sejam, quase sem exceção, uma bagunça só. E a prova é a quantidade de consultores (eu dentre eles) que tentam fazer algo por elas (nunca esquecendo que para estes também vale a estatística, ligeiramente diferente: 95% são picaretas e se limitam a reproduzir modelos americanos e 5% tem realmente boas idéias e resolvem os problemas).

A maioria preocupa-se apenas com as questões de processo. Claro, é mais fácil tentar organizar um processo (fluxo de trabalho, como as coisas são feitas) do que lidar com as pessoas, principalmente com chefias medíocres. Existem algumas presunções que deveriam definitivamente ser varridas do mundo do trabalho:

1. ter diploma de curso superior é garantia de ser melhor profissional. Primeira grande mentira: o que há de boçal formado por aí não está no gibi. Formar-se não é uma questão de inteligência ou de bom caráter, ou de ter a capacidade para ter boas idéias. Formar-se é apenas uma questão de persistência, mais nada. Com o nível dos cursos - e professores - do jeito que anda, qualquer mané se forma em Medicina, Direito, Psicologia, Engenharia e etctologia. Se a faculdade for paga, então, é como tirar doce de criança. E essas bestas acabam por virar chefes. Como só lhes sobra a competência da "relação interpessoal" (vulgarmente conhecida como "andar sempre perto do poder", isto é, do saco de algum graúdo), acabam crescendo na organização.

2. Ser chefe é ser dono da verdade. Outra grande mentira. Qual é o chefe que não pensa assim? Confunde "poder mandar" com "ser dono da verdade". Claro, fazem parte do grupo dos medíocres, não poderia ser diferente.

3. Amizade. Ser amigo do "homi" é sinônimo de competência. Essa é a pior das regras, principalmente nas instituições públicas. Vale aqui uma comparação: uma mulher bonita sempre estará acompanhada de outra(s) feia(s), ou ao menos não tão bonita. Qualquer um sabe disso. Assim também é nas organizações: um medíocre sempre terá ao seu lado outros mais medíocres ainda. Parece ser uma questão de sobrevivência: medo de perder o posto, no caso do trabalhador, e medo de perder a paquera, no caso das mulheres.

Por fim, há que se dizer: tudo, em uma organização, começa com e acaba nas pessoas. De nada adianta projetar o processo mais eficiente do mundo se colocarmos medíores para realizá-los. Há que se investir primeiro nas pessoas. Pena que o modelo americano, copiado à exaustão pelos brasileiros, é o inverso: primeiro a organização e seus processos (vide qualidade total e outras teorias), depois as pessoas. Mas isso é outro história, outro post.

sábado, junho 25, 2005

Esperança

Pois é,

Se há uma única coisa de positiva no dia da entrada do inverno, é que ele representa, na realidade, o fim da caminhada do Sol em direção ao Norte. A entrada do inverno significa que o Sol começa sua viagem de volta para nós. Dia após dia acompanho esta caminhada: vejo o Sol se pôr a cada dia um pouco mais tarde, até chegar ao momento de maior tristeza, que é quando entra o Verão, pois daí em diante ele começará a se afastar de nós. É isso: o inverno, apesar do frio, é a esperança de dias mais quentes, enquanto que o verão, apesar do calor, é a certeza de dias mais frios. Há uma grande diferença.

Simplesmente detesto frio. A minha imagem do inferno é a de um lugar absolutamente frio, muito diferente dessa que anda por aí, com fogo e calor. Se as almas ardem no inferno, quero ir para lá. Quem não vive por aqui, sequer imagina o que seja passar de dez a quinze dias seguidos a uma temperatura média de 1 a 5 graus, até menos na maioria das cidades desse estado. Muitas vezes acompanhados de um Minuano que simplesmente varre o RS de oeste a leste (caso alguém ainda não saiba, o Minuano é um vento característico que desce dos Andes em direção ao mar e que, no meio do caminho, junta-se com as frentes frias vindas da Antártida - já nasce frio nos Andes, o desgraçado, e ainda se junta com frentes frias, pqp!!!).

Turistas adoram frio porque ficam apenas poucos dias nele. Pra quem fica uma semana e nunca viu frio na vida, ah!, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Veranópolis e outras, todas são lindas; a serra é linda no inverno. Não há o que se compare, nesse Brasil, com a paisagem da serra gaúcha, tanto no inverno quanto no verão. Que me perdoem os paulistas e cariocas que têm as suas.

Terra desgraçada, frio desgraçado. Tudo dói: a pele, as orelhas, o nariz, até os ossos!! Vinhos, queijos, lareira... tudo bobagem. Troco, com quem quiser, tudo isso por uma cervejinha numa praia a 30 ou mais graus o ano inteiro e ainda garanto, por um ano, o suprimento de queijos, vinhos e lenha pro vivente que topar a troca.

Tá certo, dizem que é o frio que desenvolve a humanidade, mas não vejo a hora de me mudar para qualquer lugar cuja temperatura mínima esteja sempre acima dos 27 graus. Não quero ser desenvolvido, só não quero frio. Minha única esperança é que o Sol está voltando...

quarta-feira, junho 22, 2005

Um ano de blog

Pois é,

- Chato?
-Sim, Afonso? Por onde andas?
- Estou viajando. Passei aqui, rapindinho, só pra te desejar felicidades por ter conseguido ficar um ano no ar!
- Ah! Não foi nada. Foi graças aos amigos que sempre vieram por aqui!
- Quando eu retornar, na sexta, a gente conversa com calma, tá?
- Tá, Afonso, e boa viagem.
- Feliz Aniversário. Tchau.

segunda-feira, junho 20, 2005

Da série: Faltam apenas dois dias - I

Pois é,

Errei as contas. A gente não conta o próprio dia, né?

Prosseguindo no uso dos pensamentos de Einstein como ponto de apoio para o conteúdo dos posts:

"O valor humano é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que ele se libertou do seu ego".

Há um momento na vida em que descobrimos a finitude. Mais que uma descoberta, é um sentimento, uma posse da finitude. Ela toma conta definitivamente de nós. Percebemo-nos finitos. Para alguns isso só acontece na hora da morte mesma; outros, no entanto, são tomados pela finitude bem antes dessa data. Por vezes é uma situação de risco; em outras, vem pura e simplesmente. Não creio que haja um único fator determinante dessa posse. A morte de outras pessoas - entes queridos - não é suficiente, penso, para que as pessoas se apercebam da sua própria finitude. Com a palavra os especialistas, caso esteja enganado.

O importante é que, quando nos damos conta da finitude, vemos o quão inúteis são as coisas na nossa vida. A maioria das coisas que fazemos, temos ou pelas quais lutamos. E por quê? Porque normalmente levamos a vida achando que somos imortais, que só os outros morrem. Temos uma idéia apenas racional da finitude, da morte.

Quando, por razões diversas, me dei conta de que sou finito, a primeira coisa que fiz foi jogar tudo fora, ou quase tudo (tem algumas coisas que ainda não consegui me livrar, mas eu chego lá). Trocentos milhões de porcarias juntadas ao longo da vida. E pra quê? Ah! Pra que vejam, depois que eu morrer, que eu tinha isso e aquilo, que lia este e aquele autor, que gostava dessa ou daquela música. Para fazer valer meu ego depois da morte. Perpetuá-lo. Ora, não será pelos meus guardados que serei lembrado pelas minhas filhas ou pelas pessoas e, sim, pela intensidade da minha relação com elas; pelo que puder ensiná-las da vida, para que possam se utilizar disso nas suas, se quiserem.

É um processo o libertar-se do ego, um duro processo. É como eu disse em um comentário: desaprender é muito mais difícil que aprender. Libertar-se do ego, tomar posse da finitude é um desaprender. A posse da finitude é o desaprender a posse das coisas. Não que não as tenhamos, as coisas, mas passamos a ter o necessário e suficiente para uma vida digna e saudável, sem estresse, sem correrias, sem perda de tempo incomodando-se com coisas inúteis. A vida melhora em muito quando sabemos que ela acaba. Somos mais intensos naquilo que fazemos; fazemos mais coisas do que normalmente faríamos. Não perdemos a vida em frente a uma televisão vendo a vidaque eles querem que vejamos: passamos a dar mais valor ao nosso tempo. Passeamos mais, viajamos mais, tudo passa a ser mais. As coisas adquirem outro valor, a vida adquire outro valor. Passamos a pensar antes de nos colocarmos em situações que nos estressam. "Vale a pena?" passa a ser a pergunta fundamental. Tudo se torna passageiro, ou melhor, tudo é passageiro, nós é que não nos damos conta. E quando nos sabemos finitos, passamos a ver as coisas como passageiras que são. E me pergunto: vale a pena me incomodar com isso? Amanhã talvez nem exista! Assim, conseguimos fazer apenas as coisas que nos fazem bem, que nos tornam felizes, que realmente valham o esforço. Há muito tempo deixei de me incomodar com as coisas da vida. Se vejo que algo é potencialmente estressante, simplesmente evito. Poucas ainda podem vir a me tirar desse estado. A vida passa a fluir quando se torna finita.

Assim é este blog. Por essa razão disse que não sou dono do que escrevo. Foi uma das posses das quais me livrei. Tirando as pessoas que vivem de seus escritos, por meio da publicação de livros ou em outros meios, não vejo razão de "proteger" o que escrevo e coloco aqui. Respeito quem assim o faz, no entanto. Direito autoral? Perdemos esse direito quando vemos a finitude. Que diferença vai fazer se alguém vier aqui e copiar algo que achou interessante e publicar como se fora seu? Outros virão e pedirão e citarão a fonte, como foi o caso da Luma. É com esses que devo gastar minha intensidade de vida e não com os desonestos. A eles está, também, guardada a hora da morte. E saberão o que fizeram enquanto vivos forem, e viverão sem se dar conta de que são finitos. A vida é finita e dela sobra algo apenas etéreo, não material: a qualidade.

Neste repensar de um ano de blog, resta isso: a finitude da vida nos dá qualidade de vida.

sábado, junho 18, 2005

Da série: Faltam apenas cinco dias - I

Pois é,

Ando com Einstein na cabeça:

"O homem, como qualquer outro animal, é por natureza indolente. Se nada o estimula, mal se dedica a pensar e se comporta guiado apenas pelo hábito, como um autômato".

Esta semana comemoro um ano de "Chato". Quarta-feira, dia 22. Estou fazendo, portanto, um repensar sobre esse ano. Não é para pensar sobre blogs. Para isso vejam, por exemplo, o que escreveu Flávio Prada, no post "Um giro por aí". É um daqueles posts de dar inveja; uma inveja boa, é claro, de se ficar pensando: "putz, como eu queria ser capaz de escrever algo assim". Outros tantos também escreveram sobre o assunto: uns criticam, outros criticam os que criticam, há os indolentes, os que explicam e por aí vai. Sobre blogs, em si, já cheguei a uma conclusão: estão aí e pronto! Não me interessa se é moda ou não; se veio para ficar ou se vai evoluir para outra coisa. Importante mesmo, é que certas pessoas são indolentes, como disse o Einstein e como bem se aproveitou do conceito o Boaventura de Souza Santos quando faz sua "Crítica da Razão Indolente": "se o futuro é necessário e o que tiver que acontecer, acontece independentemente do que fizermos, é preferível não fazer nada, não cuidar de nada e gozar apenas o momento presente". Pessoas que criticam os blogs são apenas autômatos, indolentes.

Repenso apenas a minha participação nessa tal de blogosfera, ou "blogolândia", na expressão do Flávio. Para isso, peço licença ao Tiagón para reproduzir um comentário que ele deixou no post de ontem:

"E essa é uma característica do meio. O blog aproxima o processo mental da escrita, porque exige menos elaboração, cuidado, técnica, etc - não que não sejam importantes, mas eles se sobressaem nos que já tem essas características, ao invés de ficar com cara de dissertação de colégio. Os posts não-lineares que eu e o Gejfin gostamos de fazer, ou os fragmentados, cheios de informações ligadas pelo fio invisível da subconsciência - são textos "em processo", e não 'obras' acabadas. Também disso vamos chegar ao ponto que falávamos, no Milton, dia desses - do laço criado pelo texto. Não seria esse um dos motivos para conectarmos uns nas vidas dos outros? Basta a leitura e a afinidade; esse texto mais visceral, menos preparadamente social, encarrega-se de fazer uma conversa muitas vezes mais significativa, em níveis de raciocínio mais profundos..."

Aproximar o processo mental da escrita. Esse é um ponto que considero de extrema importância. Nosso sistema educacional foi idealizado para afastar a escrita do processo mental. Por essa razão a maioria das pessoas tem dificuldades de expressar, na escrita, aquilo que pensa. Não digo nenhuma novidade aqui. É-nos imposto, desde cedo, que escrever deve seguir os rígidos padrões da norma. Antes mesmo de aprendermos a pensar, aprendemos as regras da escrita. E isso transforma nossa maneira de pensar. Acabamos por condicionar nossa forma de pensar aos padrões da regra: pensamos em forma de gramática. E como as pessoas acabam por não aprender direito as regras (também, com tantas regras para aprender nesse tal de português, não me admira que poucos o dominem), acabam não se expressando direito. Pensam certo, mas expressam-se errado. E por quê? Porque não podem expressar seu pensamento tal qual ele é: sem regras. E aí entra a indolência dos que insistem na forma culta. A crítica que destrói qualquer tentativa de expressão e que ajuda a aumentar nossa autocrítica, que nos impede de publicar muita coisa. O que é a autocrítica senão a crítica dos nossos professores e pais?

Podemos verificar isso nos comentários. Quando alguém erra alguma palavra, imediatamente faz outro comentário corrigindo-a. Ora, todos sabemos que erros de digitação acontecem, ou mesmo erros de português. Alguém há de deletar o comentário simplesmente porque tem um erro?

"Não seria esse um dos motivos para conectarmos uns nas vidas dos outros? Basta a leitura e a afinidade; esse texto mais visceral, menos preparadamente social, encarrega-se de fazer uma conversa muitas vezes mais significativa, em níveis de raciocínio mais profundos..."

Essa parte do comentário é bárbara. O laço criado pelo texto. Ao aproximar o processo mental à escrita, criamos a conexão necessária. Deixamos de escrever para falar. Passamos a falar, nos blogs, como falamos em uma mesa de bar. E numa mesa de bar não somos "empolados" (nem poderíamos, depois de algumas brejas...) com os amigos. Não dizemos "querida, dê-me um ósculo", para a gata que queremos comer. Ou beijamos ou não. Senão também não comemos!

Não escrevemos num blog: simplesmente falamos, conversamos. Aqui é o lugar da fala e não o da escrita. Falamos em forma de poema, em forma de romance, de crônica, de monólogo, de análises literárias, futebolísticas, políticas, etc. É aqui, inclusive, que podemos falar sozinhos sem que ninguém nos chame de loucos. Não precisamos da desculpa "estou falando com meus botões", para disfarçar quando nos pegam.

E foi com essa idéia que enfrentei criar o blog. Falar. Por isso dizia, lá no início: "para dizer aqui o que não dá para dizer por aí. Porque se disser, vão me chamar de chato". Vivemos em meio ao discurso da regra. No trabalho somos obrigados a falar corretamente, sob pena de, inclusive, não sermos considerados "competentes". Aqui poderia simplesmente falar. Falar sem me preocupar com a forma. Falar sozinho ou com quem queira participar.

Acho que é isso que tenho feito nesse ano de blog: simplesmente falar.